Castelo
Já estive decepcionado, por alguns motivos, dentre eles um se destaca. Esse foi magistral na arte de acabar com um sonho, na arte de jogar no lixo uma vida em potencial a dois. Imagine a reação de um ser humano qualquer, e normal, que experimenta um sentimento de traição logo no início de um relacionamento afetivo. Pois é, no momento mais gostoso de uma relação acontece um fato fétido desses. Nesse momento é que as pessoas estão se conhecendo, se aproximando, se experimentando e provando os mais intensos sentimentos. É quando a vontade de estar presente do seu futuro parceiro cresce dia a dia, minuto a minuto. É quando se faz coisas pelo outro as quais não fará mais. É quando tudo que se sabe sobre paixão acontece com grande intensidade. É um frenesi incontrolável. É o ápice da excitação pelo outro. É o incontrolável sentimento de desejo da presença alheia. É todo esse sabor, esse gosto de sentir a vida sendo pulsada pelas veias e saborear o caminhar vagaroso do tempo. Tudo isso, imagine, sendo destruído, como um baforejar de um ébrio sobre um castelo de sonhos de cartas. É exatamente essa a imagem que tenho sobre esses momentos, são belos como um castelo de cartas, construído lentamente, atentamente, e com cuidado para não desmoronar, pos é fácil cair no vacilo de estragar momentos únicos nessa fase. Sua arquitetura é tão linda quão frágil. Uma leve brisa pode por todas as cartas, postas com todo o cuidado e com toda magia, no chão.
Mas o momento é outro, pois o castelo de cartas já está foi abalado, e o baralho já está amontoado, num monte sem graça e sem sentido.